Suelen Vieira, no seu livro de estreia A roseira do meu quintal, apresenta ao leitor palavras vivas encharcadas de aromas, cores e dores. Além disso, evidencia a memória estalada pela ferrugem do portão-personagem que se abre para a Área e nos leva à Roseira e infinitas Raízes que insistem em cravar no chão do quintal os causos de mulheres e homens que habita(ra)m sua existência e a fazem viva em sua fortaleza e fraquezas: “ver o corpo de minha avó é mirar meu amanhã/no olho mágico do tempo”. Suelen fala de si, cavoca no mais profundo do seu ser, daquelas que vieram antes e que na maternagem a compuseram: avós, mãe, tias, elos de uma corrente infinita de força e crença no amanhã. É na água que deságua dos olhos da poeta que do barro amassado, ela se molda, se reconstrói. As palavras não pedem permissão, elas invadem as páginas e como tambores ancestrais ressoam memórias de bem querer e mal querer, alegrias e dores. Ademais, acenam para um presente que lavada a alma almeja a comunhão entre elas, o feminino que habita a poeta e todas as mulheres, que nos dizeres poéticos se reencontram também ali e em novos territórios. A palavra poética que faz morada neste quintal, se tem um compromisso, é o da insubmissão, rasgar o silêncio de tempos de dor e esgarçar a voz de cura!
Eliane Debus
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