A poesia de Marcelo Oliveira, soberana, está no Olimpo, está no brejo onde o poeta, à espreita, apropria-se das onomatopeias para compor seu quadro enigmático. Leitor anfíbio, rasteja ele entre termos sombrios… feito um sapo cego que ouve a mosca e lança a esmo a língua grossa, logrando acidentalmente captá-la, rendido ao prazer. Em “O lado de cá” uma paisagem perfeita se revela no sonho, mas o negrume da noite de repente se impõe, cristalizando-se em poesia.Um “Hipercubo” furta-cor cruza o espaço-tempo enquanto a Lua ia cheia, levando o leitor a seguir a trajetória não euclidiana do poema. Uma vez disparado, não se pode saber a quem atingirá. Mas o poeta, cioso da decadência e da velhice que ele precocemente ressalta, incita: sigam em frente, meus genes, conquistem o que não conquistei, inventem uma nova história. E lembrem-se: Se não fosse o cê-cedilha, (eu) trabalharia na roca e viveria da caca.
Branca Maria de Paula
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