Caro Fernando,
Em seu romance epistolar, você toca em pontos fulcrais para os nossos estudos sem abdicar da margem terceira, expandindo noções para continuar remando. Crítica-invenção? Acho melhor não, como diria Bartleby, me ancorar em rótulos para definir o que escreve o Bailarino que Escreve. Sua conversa com Melville, por exemplo, ilumina para mim muitas das questões que me interessam — e atravessam — sobre teoria e interpretação, o que confirma o fato de você falar de si, inventando e sendo inventado pelo outro. Você fala ainda de linhas abissais e pontes entre o dentro e o fora: ao aventá-las em linguagem, traça essas linhas e lança pontes dentro-fora/fora-dentro, pontes. Na sua primeira carta, insurge Clarice Lispector, e eu não pude deixar de me lembrar de um texto tão lembrado — às vezes muito mal lembrado — que é “Mineirinho”, suas treze cartas me atingem, não exatamente como os treze tiros, mas pela ordem do afeto.
Leonardo Francisco Soares
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