Ruminando ruínas ruidosas tece uma metáfora que se assemelha às abordagens do filme Estômago, de Marcos Jorge: há uma relação emocional com a alimentação e o conceito de antropofagia. O jogo entre compulsão alimentar e privação: o corpo que dilata e arrefece. Em pequenos ciclos de pausas no itinerário diário, que, às vezes, são apenas uma obrigação, as escolhas sobre o que comer se entrelaçam com atravessamentos simbólicos. Comer com as mãos ou até ingerir um grão de ração na penúria. Uma brutalidade ao associar a dimensão erótico-carnal à boca: fome de palavras, fome de quê? Ou até mesmo a recusa de comer, a repulsa a um ato simples e primordial. A casa também simboliza o corpo: um espaço vazio e grande. O nome “Antígona”, atribuído ao felino, acrescenta mais um elemento simbólico ao remeter à tragédia de Sófocles. Um livro cujas simbologias devem ser digeridas aos poucos.
Isadora Nicoladeli
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