O que vem depois do fim? A poesia de Danilo Heitor traz a força extraída das finitudes, dos momentos em que a coragem é rarefeita e, ao mesmo tempo, necessária. Em um dia vou ser só saudade, o poeta parte do vazio deixado pelos seus amores para transbordar. Para se reconhecer por inteiro. Para recolher os pedaços deixados pelo caminho. Para sobreviver.
Não espere um livro sobre perdas. Os versos preenchem as páginas de saudade. Uma saudade que é solitária, mas não chega só. Ela é caminho de volta, regresso, memória.
Descortinar a dor é um ato de coragem. É sentir tudo o que chega para deixar partir o que vive em nós e o que somos. Mas quem parte não nos deixa. Nem mesmo quando tentamos (em vão) preencher os buracos que se abrem em nossa versão mais profunda. Danilo Heitor nos apresenta uma bravura firme e delicada. Aqui os sentimentos são o mapa para desbravar o fim. Para chegar ao lugar de onde a saudade não escapa: dentro de nós.
Içara Bahia
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