Sou.l

Se tem uma coisa que eu gosto é quando a arte passa por outras artes. Quando a poesia inventa imagens. Quando as imagens se tornam poesia. Quando a dança é palavra também. Eu me indago no título tudo aquilo que sou. SOU.L diz Érica Dias Gomes. O ponto depois do verbo. Sou e ponto. Ser basta. É ponte, potente e plural, como cada múltipla que verte logo no primeiro verso. O livro é todo sobre imagens que se desnudam em palavras. Ou de palavras que criam, nelas mesmas, imagens e alegorias da língua que fala. Érica demonstra maestria na originária vontade de ser-soando-palavra. Escreve como se dançasse. Palavreia como se criasse imagens e convites na língua. Sua poesia é serena e séria. Não hesita no que diz. Aonde as pernas embalam palavras? Quando foi que comecei a dançar verbos? Os títulos são um poema à parte. Porque parece que o título se faz pergunta e presente se você o lê antes ou depois do poema-imagem. É noutra imagem. Domina esse corpo-mulher, e que sempre foi originária em tudo que se lança, e que é você, a partir de você e com você: a palavra.
Thomaz Baldow