Gosto de Netuno no beijo

Uma moça mineira recebe uma proposta para trabalhar no sul da Bahia, numa comunidade ribeirinha. Sem muito hesitar, ela decide deixar amigos, família e a rotina asfáltica em Beagá para dar um tibum nessa oportunidade. Ela aterrissa de canoa no vilarejo, onde ficará um ano trabalhando, passeando pelos detalhes, fazendo amizade com os dias comezinhos, buscando atalhos pelas águas para chegar mais rápido na lua cheia, encontrando a sintaxe certa para descrever o tempero das línguas. É o pé que afunda na areia molhada, é areia seca que não sai do pé. É o coco aberto no soco. É a alegria de dançar a versão forrozeada de um hit norte-americano. É o sapo que entrou no quarto sem ser convidado e baleia para visitar no mar. Assim é este registro de Carolina em Caraíva: em cada página que a gente abre encontra uma pérola escrita. Se colar o livro na orelha dá para ouvir o balanço das palavras.
Bel de Assis