Prática antiga, mas pouca estudada nos Estudos da Tradução, a autotradução coloca-nos problemas teóricos relevantes na atualidade. Com efeito, as obras de autores que traduzem a si mesmos perturbam conceitos basilares como autor/tradutor ou original/ tradução. A exemplo da série da catedral de Rouen, composta de trinta quadros distintos desse edifício, que Claude Monet pintou em ângulos e horários diferentes entre os anos 1892 e 1894, como entender os casos de Samuel Beckett e Nancy Huston que compuseram, em francês e inglês, uma “mesma” obra? As duas versões não constituíram originais, como a série de Monet? Qual é o papel da autotradução em seus projetos estéticos? Julia Veras aborda essas e outras questões pertinentes, entregando uma pesquisa minuciosa, sólida e original, na qual a autotradução, especificamente em Beckett e Huston, passa a configurar-se em um complexo princípio poético.
Gilles Jean Abes
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