Patrícia Lopes da Silva, no ensaio Exílio e deslocamento feminino: a literatura nômade de Elisa Lispector, ao iluminar, com propriedade, a obra de uma das escritoras mais importantes da literatura brasileira, começa, certamente, a quitar uma dívida de esquecimento e desmemória.
O brilho de Elisa Lispector – inúmeras vezes, eclipsada pela sucesso indiscutível da irmã, Clarice – é, neste livro, a partir do eixo teórico exílio e do deslocamento, descortina e tira da sombra uma escrita fundamental e que não pode passar desapercebido para o leitor contemporâneo. A ensaísta entre a “aguda incerteza da vida” e as “figurações da morte”, percorre a obra da escritora de forma sensível e pertinente para compor um perfil enigmático melancólico e, por isso, mesmo, magnífico e sedutor.
O recorte no tema do feminino, surpreendentemente, não vitimiza Elisa Lispector, nem relega suas personagens a papeis de subalternidade. Ao contrário, entre “sopros de solidão” e “rondas solitárias”, a ensaísta descobre – retira o véu – e expõe o requintado tecido literário, a urdidura mágica do discurso, que esteve por muito tempo, tempo demais, silenciado.
A leitura deste livro, desse modo, põe o leitor diante de um marco da crítica literária brasileira e renova olhos e olhares, marcos e fundações, tradições e cânones, que, como diria Jorge Luis Borges, certamente modificará nossa leitura dos precursores.
Lyslei Nascimento
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