“‘(…) ah cristo, os escritores são de todos os toscos os mais repugnantes!’ Vaticinou o velho Bukowski, cujos versos dão a tônica ao terceiro livro de Roberto S. Queiroz, Enquanto nos devoramos. Pela força da numerologia, a tríade poética, que tem início com a publicação de A paisagem cinza dilacerada e O inverso do sopro, Enquanto nos devoramos enseja e/ou encerra um projeto estético premeditado pelo poeta, correto? Em tese, sim! Todavia, o leitor perceberá que os poemas, nas desmedidas proporções, também contam histórias, e pode? O poeta tem poderes, ainda que suas narrativas sejam fragmentadas pelo ritmo impetuoso das palavras, tal qual um deus polimorfo, os poemas deste livro ratificam o sentimento de desassossego que permeia os livros anteriores. No plano da expressão, a plasticidade dos versos, na retomada anafórica, externando o anseio em falar das agruras humanas, do passado como fonte do agora e das coisas de agora, nada reconfortantes. E o amor? Carnal e fatalmente nosso dilema maior, encontra abrigo certo na alma povoada de infortúnios. Sabidamente, Roberto é um leitor da boa poesia, e nos brinda com doses de versos que compõem a poética dos enquantos. Na perseguição do azul, cores e nomes, vida e arte se entreolham! O que as torna diferentes? Parafraseando Bukowski, a arte é mais fácil de digerir.”
Tiago Anjos
Avaliações
Não há avaliações ainda.