Coletivo Vivo Morto e outras tragédias

Há algo cativante em histórias que mesclam humor com a tragédia, pois através da forma cômica como contam o sofrimento das personagens, conseguem nos oferecer um absurdo singular. No lugar da catarse final, a “purificadora da alma” de Aristóteles, rimos dessas obras com a boca amordaçada pelas próprias mãos, incertos se iremos ao inferno por rir da desgraça alheia, ainda que fictícia. Nesta coletânea, os contos foram permeados por tal absurdo, seja com o zumbi negacionista sedento por um cigarro; uma mulher que casou com ela mesma, mas botou chifre em si mesma (baseado em fatos reais); um roteirista preso no armário tentando esquecer seu bloqueio criativo com o parceiro de trabalho e outras tramas aqui reunidas. Se você riu, ainda que por desdém, em algum momento da leitura, o livro cumpriu seu papel. Não sendo o caso, só lhe restam tais palavras: que tragédia!