Não vá se perder por aí e outros contos rejeitados e imperfeitos

Talvez não exista nada mais frágil do que o ser humano e a sua doce ilusão da realidade. Uma realidade quebradiça que facilmente se desfaz para tornar visível o que existe abaixo da superfície: as estranhezas cômicas, os delírios fundamentados, os terrores caóticos e as bagunças boas de mentes que um dia já sonharam com a tal da normalidade.Em seu segundo livro, Leonardo Meneghini traz 17 contos que seguem a tradição do realismo fantástico latino-americano, com um toque de Curitiba e um amontoado de absurdismos universais. Mas cá entre nós: será que o maior absurdo de todos não é tentar achar uma linha narrativa impecável nessa dança esquisita entre o óbvio e o inusitado que insistimos em chamar de vida? Não vá se perder por essas páginas – ou se perca, quem sou eu pra dizer. Estamos aqui apenas descumprindo manuais, confundindo certezas e recalculando rotas. De insensato e insólito, todo mundo tem um pouco. De louco e paradoxal, todo mundo tem muito. Se eles pedem equilíbrio e constância, que nós sigamos apenas de passagem.
Ana Dams