O tempo é relativo, todavia a memória desobedece as zonas fronteiriças do nosso devir. Azeviche é um convite a mais, um mergulho nas profundezas das expectativas e medos que Diana, personagem principal, perpassa em sua jornada de vida atravessada pela interseccionalidade. Azeviche caracteriza o fóssil enegrecido cujas propriedades químicas e físicas lhe são únicas, uma pedra forjada sob pressão extrema por longo período de tempo; no âmbito religioso, designa amuleto de purificação espiritual; na cultura popular, é o negrume da noite que reluziu o dia. A polissemia que perfeitamente intitula esta obra equipara-se à multiplicidade de sentimentos com que desafia o leitor a sentir. Romance banhado por surpresas, aqui, o início, o fim e até mesmo o depois do fim ultrapassam a linearidade e agem de modo espiralar. Isadora Silva toca nas vivências atravessadas por pessoas negras, na medida em que também nos apresenta, intermediada pela escrita poética, criativa e promissora, a redescoberta do amor e do autoamor que a especificidade racial nos conjuga.
Sávio Oliveira da Silva
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