Entre linhas e carretéis sobre o sentido de sutura

Ramona é uma autora de livros dedicados para a mulher, em que não se exclui outros tipos de públicos, em seu cerne estão os cuidados, os desejos, a dramatização, as peculiaridades que traçam a vivência de um gesto do emoldurar-se feminino. Entre idas e vindas, é uma leitora muito observadora, crítica e tomada de desejos que a transbordam. Entre sua criação, está a elaboração de ideias sob os tecidos de pano, renda, tactel, zibeline, veludo e os materiais que compõem um ateliê lascivo, toda a sua voz rouca e amarga é posta, e a texturização é proposta e harmonizada em versos que tratam a respeito do que se diz ser mulher, sobre o que é, expectativas e ambições e poesias e prosas muito amargas, tudo documentado pela sede de palavras em um gesto de elaboração de um diário posto a jogo, fora da censura. O sentir inusitado de toda mulher que um dia aprendeu a sonhar em ser livre para se expressar. ‘’Vou desfiar-me por completo arranhar-me, olhar-me com imensidão, até saírem todos os fios que me tecem, para eu tentar descobrir de qual tecido eu sou feita.’’