O inverso de céu é chão. Em verso, Marisa faz a ponte… um voo de altos e baixos no qual as palavras tocam as nuvens mais altas e fincam raiz na terra molhada. Entre ares doces e sublimados e a lama das dificuldades cotidianas, solidão e saudade, amor e alguma indiferença, ela transita melodiando a jornada poética versátil de uma mulher. Pelo leitor cuidadoso muitas camadas serão sorvidas, de arranhados aliterantes a ambiguidades finíssimas. Contundente sem perder a doçura, consistente sem abandonar a música, prescinde do paradigma de perfeição e se celebra inteira na névoa de incompletude de um poema. Nada como ser não-toda para que reste a desejar um pouco de tudo! A autora mesma adverte: leia com cuidado, alguma reverência. Nessas páginas, há um voo solo sagrado, abundantemente regado de essência. A saída de emergência é sobre a asa. Uma das grandes belezas mora no tom cotidiano dos poemas. Não se espante com uma mulher de verdade feita arte para ser-vir e ser-vida. Deixe de lado o que possa ter a volta e tome essa ato de bravura livremente feito livro para um voo, um pouso, uma pausa, nenhuma prosa e toda poesia.
Daniela Laubé
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