O ouro só é de tolo para quem quer glória, fama e fortuna. Pirita aqui é literatura, sem glamour mon amour, são textos que falam sobre (sobre)vivência, sobre crises, sobre preconceitos. É essencialmente sobre desencantos. Não são contos de ouro, são de pirita e um dos prazeres me parece ser justamente o de encontrar no mosaico das histórias com seus diferentes contornos e cores, os sabores e dissabores que nos são próprios da vida, de nossos mundos interiores, criadores e criaturas dos mundos, quase todos caóticos, que nos cercam. Todavia, o belo livro de Charles Marlon possui tons de pirita, seria mais fácil escrever sobre tons de cinza, um texto com um pouco mais de preto ou branco imagino que daria conta do recado, mas este não é o caso. A necessária opacidade que explicitei é uma dimensão do livro, mas Pirita tem também brilho. Brilho poético. O autor é um poeta que não consegue se anular como tal em sua prosa. Assim como não consegue apagar a luz de seu caminhar nos deixando rastros luminescentes sobre algumas das leituras que fundamentam os seus passos na criação deste livro. E isto também é delicioso.
Ronaldo Kirilauskas




Charles Marlon é pai da Louise e escreve, agora porque precisa ou por falta de coisa melhor para fazer. Tem cinco livros publicados, Poesia Ltda (2012), Sub-Verso (2014), Re-trato (2016), Quarto (2018) e seu romance de estreia Periscópio (2022). Lançou There’s a lull in my life (2021), pela Amazon Kindle Direct Publishing. Formado pela Universidade de São Paulo, é mestre em letras e doutor em estudos de cultura. É educador e ama sua profissão.
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