Quando a vida não cabe em telas : uma ética do estranhamento no cinema de Abbas Kiarostami

O livro de Gabriel Darwich oferece um novo olhar para o cinema do celebrado cineasta iraniano Abbas Kiarostami. O ponto de partida é o estranhamento. Darwich investiga o que leva Kiarostami a inserir, em momentos decisivos dos seus filmes, “falhas técnicas” que revelam o dispositivo e quebram a transparência da linguagem. Por que o cineasta opta por destruir a ilusão que constrói em suas narrativas? O autor aciona diferentes teorias do cinema para analisar dois filmes do diretor: Close-up e Gosto de Cereja. A conclusão do livro é tão original quanto esclarecedora: o estranhamento é motivado por uma questão ética. Ao desenvolver narrativas sobre a condição humana, Kiarostami quer provocar no espectador um efeito de distanciamento, que o coloca numa posição crítica e reflexiva. Isso porque a vida nem sempre cabe na representação. É preciso criar outro tipo de experiência estética.