Refloresta traz em seu título um apelo à ação. Trata-se de um livro autobiográfico de Ana Barroso, que narra o evento traumático por que passou, ainda jovem: um AVC. Mas não pensem os incautos que o livro se resume a narrar somente esse fato. O livro é uma profusão de signos e metáforas, que investiga pensamentos filosóficos, políticos e religiosos. Ana se debruça sobre a vida, relatando e pensando todos os atos que nos fazem humanos. Nesse sentido, expõe a bonança e os efeitos da vida sobre ela. Trata-se, pois, de uma tomada de sentido dialético: não há somente o bem e o mal. Daí ser preciso Reflorestar. A autora, pois, não se esquiva de colocar em xeque a si mesma, optando por aquilo que é capaz de mudança, enfatizando o aprendizado a que somos convocados a viver. Aprendizado do momento presente, da vida pulsante. Daí o título Refloresta, apontando para a possibilidade de semear, ressignificar e de colher tudo que foi semeado. Nesse sentido, a vida é sua matéria prima onde ela exerce um trabalho de lavrador: aduba, lavra, tece, colhendo os frutos da terra, que se renovam em novas sementes, explodindo em vida. Refloresta é em si um modo de viver. Uma opção pela positividade onde a autora convida a romper os limites dos fatos para nascer como uma outra, mas para florescer. Refloresta é ação de abertura à proliferação de raízes, como quer Deleuze.
Ana Agra
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