Suelen Vieira, no seu livro de estreia A roseira do meu quintal, apresenta ao leitor palavras vivas encharcadas de aromas, cores e dores. Além disso, evidencia a memória estalada pela ferrugem do portão-personagem que se abre para a Área e nos leva à Roseira e infinitas Raízes que insistem em cravar no chão do quintal os causos de mulheres e homens que habita(ra)m sua existência e a fazem viva em sua fortaleza e fraquezas: “ver o corpo de minha avó é mirar meu amanhã/no olho mágico do tempo”. Suelen fala de si, cavoca no mais profundo do seu ser, daquelas que vieram antes e que na maternagem a compuseram: avós, mãe, tias, elos de uma corrente infinita de força e crença no amanhã. É na água que deságua dos olhos da poeta que do barro amassado, ela se molda, se reconstrói. As palavras não pedem permissão, elas invadem as páginas e como tambores ancestrais ressoam memórias de bem querer e mal querer, alegrias e dores. Ademais, acenam para um presente que lavada a alma almeja a comunhão entre elas, o feminino que habita a poeta e todas as mulheres, que nos dizeres poéticos se reencontram também ali e em novos territórios. A palavra poética que faz morada neste quintal, se tem um compromisso, é o da insubmissão, rasgar o silêncio de tempos de dor e esgarçar a voz de cura!
Eliane Debus




Suelen Vieira, poeta e artista visual, nasceu em 1991, em Ceilândia, periferia do Distrito Federal. Tem na arte e na escrita o seu ar e acredita na poesia enquanto sopro. Participa de premiações literárias desde 2017, tendo sido selecionada no Prêmio Sesc de Poesias Carlos Drummond de Andrade, em 2018. Participa da Coletânea Prêmio Off Flip de Literatura 2024, nas categorias Conto e Crônica. Lança o seu primeiro livro, A roseira do meu quintal, na FLIP 2024.
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