Pensando, primeiramente, a própria consciência como uma monstruosidade dentro da natureza, como podemos ler em poemas como Partículas elementares ou Teratologia, Nostalgia da Luz e Metafísica, e, depois, o caráter monstruoso da realidade que se apresenta diante da consciência. A realidade mostrada pelo poeta é a realidade brasileira (o segundo título do livro faz menção a uma crônica obscura da nossa vida política); assim, o livro é também um mergulho no “coração das trevas” da realidade nacional. O território/país não é só um lugar, é também uma forma de sentir e apreender. É sob essa ótica que lemos poemas como A outra Diké ou Flanelinha flâneur, poemas que questionam a monstruosidade da nossa sociedade desigual (e mortal). Outros poemas, como Bananas, Cegueira branca, Política ou O Discurso, não deixam dúvidas sobre o quê, na percepção do poeta, é da responsabilidade do nosso atual governo.
Ricardo Bartosievicz
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