A antologia de poemas Num quadro de Chagall, de Lyslei Nascimento, nasceu sob o influxo caleidoscópico da obra do pintor judeu russo. Os textos, quase todos curtos e que se querem delicados, não deixam de provocar a sensação da linguagem como uma renda, um bordado, uma tatuagem. São exercícios de aproximação e de afastamento ao bem e ao que pode sobreviver ao esquecimento. São, nesse sentido, poemas profundos, diretos, para ler e reler. Cada verso deixa vislumbrar os fantasmas nossos de cada dia que, se bem acomodados, não incomodam, mas não nos largam. As estrofes falam de marcas que, somente serão impressas, se estivermos inteiros, com os pés descalços, na viagem de risco que é a vida. A saudade dos entes queridos, o mistério e a energia do lugar onde descansam os ancestrais é reverenciado e atualizado no coração. Poesia que incomoda, balança, faz resistir, procurar o anjo da guarda no infinito. E nós, mesmo perdidos, podemos iluminar os caminhos.
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