Neste livro, o autor Felipe Sanna explora com precisão os desvãos emocionais daqueles que orbitam entre o êxtase e a depressão, na longa montanha russa da droga. O fulcro ficcional da sua escrita encontra ressonância na fraturada sociedade brasileira, onde, entre outros problemas crônicos, a dependência química é uma válvula de escape para lidar com todos os arbítrios e absurdos aos quais estamos submetidos. O rol de personagens da literatura de Sanna são os desvalidos, os vencidos pela vida, os vice-campeões em tudo, os “humilhados e ofendidos”. Quando profissionais da medicina passam a abusar de entorpecentes para dialogar com seus próprios demônios interiores, temos o retrato de uma sociedade falida e doente a partir do drama pessoal e nonsense de Dr. Olegário, personagem que dá a tônica deste livro.
Rodrigo Saffuan
Daniele –
Os casos de vícios em narcóticos são comuns na classe médica, contudo, são ocultados da sociedade por questões políticas e corporativistas. Durante a leitura pude refletir sobre a dor, a loucura e o vício entre profissionais da saúde, além de apreciar a narrativa envolvente de Felipe Sanna, para mim, uma grata surpresa. Na tentativa cega de aliviarem a dor do corpo e a dor da alma, muitos optam pela automedicação como medida paliativa, opção que, por vezes, culminará em suplício. Recomendo muito a leitura.