Seu “Ouro Esquecido” sobressai, para mim, pelo valor histórico, pois, embasado em fatos, cria uma história fascinante de aventuras, amor fraterno, dedicação e fidelidade. Um dos acontecimentos mais marcantes da obra é que se constitui em uma revisita à História do Sul de Minas, como o título tão bem expressa, e modifica a historiografia tradicional da região e mesmo do Estado. Outro fator de grande relevância é a narrativa do cotidiano de uma cidade mineira da primeira metade do século XIX, com todas suas particularidades, onde alguns eventos quebram a rotina, causando espanto, perplexidade, emoção. No contexto da obra, há diversos e importantes personagens, sendo que alguns se destacam pelo papel que desempenham e pela figura carismática que os caracteriza, como Adá, Laurinda, Kakiba e, o maior de todos, Preto Antônio, que, com sua singeleza, desperta no leitor admiração, amor, muita emoção e, paralelamente, indignação por tudo que sofreu através dos erros absurdos dos quais foi vítima. Uma injustiça que ainda hoje se comete na maior desfaçatez. O ápice da obra é, sem dúvida, a triste história do Preto Antônio, em que fica registrado o absurdo, o crime que foi a escravidão no Brasil por séculos. Acho que falei muito mais do que pretendia! Embora com intervalos na elaboração dessa mensagem, em outro momento voltarei a comentar o riquíssimo trabalho produzido pelo querido primo, que brindou a família Lima, agora fazendo parte dos anais da história da Campanha da Princesa. Grande e carinhoso abraço e toda minha admiração pela importância e significado de seu trabalho.
Ruth de Lima Villamarim Soares nasceu na setecentista Cidade da Campanha, MG, e é formada em História pela FAFICH/UFMF. Como Historiadora, trabalhou por mais de trinta anos no IEPHA/MG, tendo exercido cargos de Superintendente de Pesquisa e Tombamento e de Diretora de Proteção e Memória, ambos por longo período. No exercício de seu trabalho, dedicou -se especialmente ao tema Cultura e Arte Barroca em Minas Gerais.