56% da população brasileira concorda com a afirmação de que “a morte violenta de um jovem negro choca menos a sociedade do que a de um jovem branco”. A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil. De 2006 a 2016, enquanto a taxa de homicídios por 100 mil habitantes teve queda de 6,8% para os não-negros, entre os negros houve aumento de 23,1%. 89% dos brasileiros admitem haver preconceito de cor no Brasil, mas 90% se identificam como não racistas. Cruzada não menciona qualquer dessas vergonhosas e deprimentes estatísticas nacionais, porque Tiago Canha constrói os cruzamentos e os afastamentos entre as histórias de Manuel (Marreco) e de Pedro Paulo, dentro de um grande esforço intencional de concisão. E, com maestria literária, mostra apenas a ponta do iceberg monstruoso que muita gente neste país ainda finge não enxergar.
Leila de Souza Teixeira
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