Poesia que chama e conjura: ruas, recreios, melancolias. Tudo lateja nessa aventura de um chegar-se em casa e, ao mesmo tempo, sair em viagem. Nomes põem-se em riste, lembranças fazem existir movimentos remotos e voltam entardeceres, passam crianças e operários, canta-se lírio e trigo. Essa a Poesia vária e fluida de Felipe Mendonça nesse livro a evocar, com ecos drummondianos, desde infâncias e ampulhetas ao tímido canto de um canário, desde desejos e ardências a flores fanadas, tudo isso num abrir-se gavetas de onde saltam lembranças, mares, amores, medusas. Na profusão de emoções suscitadas e condensadas pela palavra toda florescente, essa poesia — do chão ao firmamento, no mal, no bem, na beleza — nos bota em confronto com sonhos e calendários, nos arrasta por dezembros e destinos, nos inaugura luz a diminuir distâncias, nos emancipa da ilusão do tempo e das máscaras. Poesia em si a condição para que se fale e sinta, ora deixe-se seduzir por esses poemas que ressignificam sentenças, que fazem renascer deusas, prometem e cumprem mundos na serenidade de uma nascente. Pássaros livres que não dirigem, os poetas instauram a liberdade na revoada das páginas. Livre de amarras, deixe-se, pois, revoar na leitura dessa poesia de imenso céu e imenso azul.
Luci Collin




José Felipe Mendonça da Conceição, como poeta, adotou o nome Felipe Mendonça. Nasceu, em 1976, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. No entanto, hoje, mora em Belford Roxo, Rio de Janeiro. Cursou letras na UFRJ, lançou seu primeiro livro de poemas em 2018 e outro em 2024. Antes, porém, fez pós-graduação em literatura brasileira, tendo obtido o título de mestre e doutor nos anos de 2010 e 2015 pela UFRJ. É pai de dois lindos filhos e cuida de um blog chamado “poesia, necessário pão”.
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