Poesia que chama e conjura: ruas, recreios, melancolias. Tudo lateja nessa aventura de um chegar-se em casa e, ao mesmo tempo, sair em viagem. Nomes põem-se em riste, lembranças fazem existir movimentos remotos e voltam entardeceres, passam crianças e operários, canta-se lírio e trigo. Essa a Poesia vária e fluida de Felipe Mendonça nesse livro a evocar, com ecos drummondianos, desde infâncias e ampulhetas ao tímido canto de um canário, desde desejos e ardências a flores fanadas, tudo isso num abrir-se gavetas de onde saltam lembranças, mares, amores, medusas. Na profusão de emoções suscitadas e condensadas pela palavra toda florescente, essa poesia — do chão ao firmamento, no mal, no bem, na beleza — nos bota em confronto com sonhos e calendários, nos arrasta por dezembros e destinos, nos inaugura luz a diminuir distâncias, nos emancipa da ilusão do tempo e das máscaras. Poesia em si a condição para que se fale e sinta, ora deixe-se seduzir por esses poemas que ressignificam sentenças, que fazem renascer deusas, prometem e cumprem mundos na serenidade de uma nascente. Pássaros livres que não dirigem, os poetas instauram a liberdade na revoada das páginas. Livre de amarras, deixe-se, pois, revoar na leitura dessa poesia de imenso céu e imenso azul.
Luci Collin
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