Há momentos onde o invisível intercede nas coisas mundanas. Assim clamavam por proteção divina as sacoleiras fora da lei, em um Brasil dos anos noventa que escancarava uma multidão de mulheres precarizadas, entregues à tarefa solitária de criar milhares de crianças sem pai. Três décadas depois Nuanda se fez mulher em um mundo pós-pandemia. Ela sofre de ansiedade, compulsões e crises de pânico. Aconselhada por uma xamã, parte para o Vale Sagrado dos Incas, onde mergulha em uma pausa, uma comunhão com a terra e os seres vivos. Nossa protagonista-caminhante narra uma experiência única de viagem entre mundos, o seu próprio rito de passagem, uma delicada troca de pele. Nessa jornada não há caminho por si só, existe um corpo no caminho, faminto por entregar-se às forças maiores da vida.
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Carolina Santos é socióloga e escritora com mestrado em literatura pós-colonial pela Universidade de Bolonha. Sua prosa poética nasce de uma profunda empatia com a condição humana que a leva a uma escolha minuciosa das palavras e expressões que revelam a delicadeza das experiências da vida. A outra mãe é seu romance de estreia. Para a sua concepção, a autora empreendeu viagens ao Vale Sagrado e Machu Picchu, além de realizar pesquisas sobre um gênero historicamente pouco explorado pelas mulheres: os diários de viagem. Os primeiros rascunhos deste livro foram feitos ainda na primeira viagem ao Peru, em 2014, o corpo da história foi escrito durante o mestrado na Itália, a maior parte das cartas que compõem a obra foram escritas durante o período de isolamento da pandemia, em Goiânia. As últimas lapidações foram feitas em Brasília, onde a autora mora com a sua cachorrinha caramelo, a Nina, em uma casa imersa na natureza, ao lado de uma cachoeira mimosa.
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