Os estudos fundamentais de Maria José de Queiroz sobre escritores que produziram sua obra na prisão, aliados a uma profunda reflexão sobre a liberdade, a literatura e a vida, fazem deste livro um marco na crítica humanista do Brasil. Ao longo dos séculos, como norma regular e inquietante, quase todos os sistemas políticos têm privado da liberdade aqueles intelectuais que, mais decididamente do que outros de seus pares, pratiquem o dever número um de todos os pensadores, escritores ou artistas, que é o de contestar o abuso de poder, a estagnação burocrática, o conformismo abúlico. Dante, Galileu, Cervantes, Antonio Vieira, Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, Monteiro Lobato, Graciliano Ramos, Augusto Boal, Frei Betto, Mário Lago, só para citar alguns entre milhares de nomes, são exemplos de arbítrio e de violências sofridas por quem se oponha ao diktat de um dado momento histórico.
A literatura encarcerada, de Maria José de Queiroz, oferece ao leitor um dramático balanço de memórias, manifestos, cartas, denúncias imortalizados em documentos que os intelectuais detidos produziram e que conduzem a uma ética da insubmissão e demonstram, por mais abomináveis que tenham sido as circunstâncias enfrentadas, a verdade fundamental do “Penso, logo existo”, ou de suas variantes, “Penso, logo resisto”, ou “Penso, logo sobrevivo”.
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