Flavio García (UERJ) define insólito como uma narrativa anormal e incomum. Composição do insólito, de Jânio Vieira, embora se aproprie de A Divina Comédia, nesta obra, não há Inferno nem um só guia, mas os múltiplos do eu-lírico formam uma coalizão alpinista rumo ao Paraíso. Com versos concisos, disformes e livres, o poeta nos leva a essa jornada epopeica e transcendental, de LXXII poemas, em que nos deslumbramos com um texto metalinguístico, neologista, metamórfico, mitológico, antitético, prosopopeico, polifônico, policromático, politérmico e polifragrante, constituindo uma composição sinestésica esdrúxula em que as palavras transcendem a fonografia e morfossintaxe. O poeta cria um espaço atópico onde os elementos — água, fogo, terra e ar — e o tempo — passado, presente e futuro — coexistem mutuamente no onírico e no inconsciente, fazendo o leitor ter uma experiência transfiguradora.
Alexandre Batista Paixão
Avaliações
Não há avaliações ainda.