Quais as possibilidades para se estar em contato com o mundo? E se a resposta estiver em zonas de transição? Em seu segundo livro de poemas, Luciana Brandão tece um ecossistema inteiro, novo, sinuoso, imperfeito. Cenas que apanham o que é miúdo, ordinário, imperceptível e, ao mesmo tempo, grandioso como a chegada no cume de uma montanha majestosa. Preciosidade que também é um encontro com uma autora que sabe eleger um elemento mínimo da vida, e fazer dele um universo. Como quem entende a potência de fazer vazar a própria linguagem, Luciana olha para a outra, escorre e mancha o mundo. E, ainda, nos faz um convite: re-parar que há tanta vida na vida, quanto há átomos do universo. Com sua escrita, ela nos concede um aprendizado: as coisas levam seu próprio tempo para acontecer. E, assim, nos permite, por uma passagem entre o folhear de páginas não tão aleatórias assim, que a gente acesse um outro tempo, um outro desejo, um outro gesto, uma outra existência – temporária, milagrosa, edificante.
Anelise Valls
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