Este é um livro de passagens. A forma precisa e ágil dos versos tece um compêndio espirituoso e por vezes revelador da vida de uma mulher adulta, artista e consciente dos próprios percalços. Nesse escrutínio de dias e noites de desilusão e ressaca, há espaço de sobra para intempestivas e preciosas centelhas de ruminação. É nesses pontos de luminosidade, mas também nas sombras que eles projetam, que encontramos um tema caro ao livro, o da inquietude como constância: “O que me move ainda/ É a constante busca pela montanha”, a autora define, perto do fim da travessia. Tal ansiedade caracteriza um rompimento notório dessa geração em limiar: o de ideias cristalizadas e expectativas monumentais. O espírito errante, da viajante livre, resplandece, no decurso dos poemas. Uma pessoa é uma urdidura constante, e a vida é uma montanha, esquisitíssima, projetando-se ameaçadora e irresistível.
Léo Tavares
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