Harpia harpyja

Harpia harpyja parte da radical experiência de estar no mundo por inteiro. Seu caminho é de ave rapinante e mitológica, capaz de (se) enxergar melhor pelo voo. Seu mergulho “constrói veredas na fundura”, ampliando e conectando as muitas dimensões em que se habita. Sua intimidade com a terra é de mistura imanente a todas as coisas. Após três livros publicados, Betine Daniel assina, com seu novo nome, esta obra que marca uma virada em sua trajetória poética. Após a potência do “abrir-me” em seu último livro, agora ela expande as fronteiras da identidade. Move simultaneamente fauna, flora, sociedade e cosmos. Trafega, multidirecional, numa “diáspora da pele, rompendo a membrana de tudo/o que há no mundo”. E explora a taxonomia do mistério, em que talvez o próprio “palato humano” se desorganize, superando imperativos em direção a um constante vir a ser pela linguagem.

Teofilo Tostes Daniel