Este livro apresenta em seu título dois nomes populares, João e Maria. Porém, é importante esclarecer que eles não são os personagens do conto tradicional que conhecemos, mas dois nomes fundamentais ao visitarmos o famoso patrimônio carioca – a igreja de Nossa Senhora da Candelária.
O João citado é João Zeferino da Costa (1840-1915), o pintor da Candelária. Ele fora estudante de Pintura Histórica na antiga Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, laureou-se como vencedor do Prêmio de Viagem à Europa em 1868, estudou em Roma entre 1869-1877, e ao voltar para o Brasil se tornou professor das disciplinas Pintura Histórica e Pintura de Paisagem, na mesma instituição na qual estudara. Também lecionou Modelo Vivo na Escola Nacional de Belas Artes em dois momentos: entre 1890-1893 e 1897-1915. Além de docente, nosso João produziu telas de diferentes temáticas, no entanto, ficara conhecido como “pintor de temas religiosos”, por conta do número de obras dedicadas aos assuntos da iconografia cristã.
Maria, a mãe de Jesus Cristo e um dos nomes mais relevantes do Novo Testamento bíblico, fora homenageada, não só pela Irmandade do Santíssimo Sacramento da Candelária – a contratante de João Zeferino da Costa para criar e executar as telas marianas da igreja –, mas pelos espanhóis Antônio Martins da Palma e Leonor Gonçalves. O casal foi responsável por financiar a primeira igreja erguida, uma pequena ermida como ex-voto, em agradecimento pela sobrevivência após uma terrível tempestade no oceano.
Entretanto, o edifício que conhecemos é outro, uma segunda edificação com inauguração pública em 1901. Porém, o escopo do livro é apresentar curiosidades, ainda não reveladas, sobre as pinturas marianas de João Zeferino da Costa na Candelária. Tais obras foram idealizadas e executadas pelo autor em Roma, entre 1879-1883, numa técnica inovadora ainda inédita no Brasil, conhecida na Europa por marouflage.
Dividimos o livro em quatro momentos: abordagens historiográficas e a problemática atual; ut pictura poesis e retórica do pano visual; as virtudes marianas da cúpula do transepto; e, os indicadores da relação entre João Zeferino da Costa e as escolas artísticas italianas. Por fim, destacamos que este livro não é específico para professores, pesquisadores e estudantes de artes visuais, história da arte, patrimônio e/ou história cultural. Ele é acessível ao público em geral, com diferentes formações e objetivos. Portanto, prepare-se para o mergulho pictórico na história de João e Maria, ainda no século XIX, e em suas implicações atuais. Esteja ao lado dos fantasmas que rondam nosso ato de olhar a imagem e dos sintomas que nelas são diagnosticados. E não esqueça, acima do tempo cronológico, a imagem será sempre sobrevivente.
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