Quando li pela primeira vez Memórias estrangeiras, me lembrei de uma frase do meu saudoso amigo Bartolomeu Campos de Queiroz: Tempo abala muito o coração. Para mim, ela sintetiza bem o livro de Sonia Leão. Viver é perder lentamente tudo o que amamos. E a escrita é, sem dúvida, a melhor forma de reter nossas lembranças mais queridas. Mas este não é um livro de memórias lineares. Nem tem a forma de uma narrativa prosaica. Não há a simples descrição de experiências pessoais, mas a transposição poética de uma visão de mundo. Em múltiplas modulações, textos fragmentados repletos de imagens e metáforas pouco usuais, a autora registra lembranças que vão se alargando como um rio entre ausências, e se transformam em celebrações dos instantes vividos. Estruturado em capítulos temáticos, “Memórias estrangeiras” é uma espécie de autorretrato de sua alma feminina, que enfrenta obstáculos, ruídos, alegrias, beleza, lutas e perdas no seu esforço de compreender a vida e sua complexidade.
Cristina Agostinho
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