Apresentar um livro é tarefa árdua. Por um lado, é necessário anunciar sem estragar a surpresa, essencial à boa leitura. E, por outro, porque um livro situa-se entre quem escreve e quem lê, o que faz de qualquer pretensão de objetividade um equívoco. De ponta-de-pé nesses fios de alta-tensão, ouso dizer que os contos de O datilógrafo nos convidam a habitar microcosmos em que passado, presente e futuro se misturam. Paradoxalmente, Raphaela imprime atemporalidade em cenas aparentemente banais. A cada universo que adentramos, nos deparamos com personagens profundamente humanos, até quando não o são, e que se molham em muitas águas, ora nos instigando a mergulhar, ora a buscar abrigo. No tac tac tic tic tac deste livro, se esgueira, pelas frestas do imaginário rico da autora, uma brisa da infinitude que cabe nos finitos.
Rita Gomes
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