O olhar corajoso de Carolina Esteves apresenta algumas limitações e riscos da campanha Setembro Amarelo; se num primeiro momento visa contribuir para a preservação da vida, numa segunda ocasião pode se revelar moralista e ofuscar a complexidade da existência humana. Esteves observa que o discurso majoritário da campanha naturaliza o modo de pensar este fenômeno humano, relacionando-o a problemas psicológicos e de saúde, incluindo-o numa atmosfera anormal e inquestionável. Ao posicionar o suicídio indubitavelmente desta forma, que outras escutas ficam impossíveis de serem ouvidas? As campanhas parecem querer controlar um problema humano, o que se mostra inadequado. Carolina apresenta algo muito mais “mobiliza-dor”: existir frente à dor do indeterminável. A partir de uma atitude fenomenológica, Esteves se descola de uma visão dicotômica e hegemônica, que promove o suicídio como um problema que poderia ser previsto e controlado, e se aproxima da indeterminação do ser humano em essência.
Renata Azeredo
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