Em seu terceiro livro de poesias, Luiz Frazon nos leva a experienciar a existência no sentido mais autêntico do verbo. Sua obra nos transporta não apenas ao que se passa ou ao que acontece, mas ao que nos passa e nos acontece, revelando um eu indissoluvelmente complicado com a sua circunstância. Ao mirar sua sensível e paciente lente poética sobre as pequenezas e as aparentes frivolidades do cotidiano, o autor conduz o leitor a uma profunda experiência sensório-existencial: “lavar o lençol / lavá-lo com os punhos / contra a dureza dos frisos do tanque / como quem se lava do que passou”, ou “Não é simples a tarefa de levar o copo até a boca”. A natureza e os animais — dos quais o ser humano é parte, mas se faz desvincular — também protagonizam a poesia, com uma simples, solene e brutal presença que generosamente revela nossa condição humana. O boi, a vaca, o peixe, a porca, a gata, o tucano e as varejeiras nos fazem lembrar que a experiência é inadiável, que o sentido da vida é a vida mesma e que o existir não é vida e morte, mas permanentes ciclos de vida-morte-vida onde sempre se pode nascer de novo.
Tanyse Galon
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