Mãe é só uma mulher que dá à luz? Jamais. Recomecemos o que ela é neste delicado livro: “somos entranhas ou os miolos?” nos gesticula com competência Fabiana Grieco. Mães para quem? A poeta Grieco nos contagia conforme avançamos nas páginas: que é a travessia de um sonho para mudar a sociedade patriarcal. Não é à toa o título “Uma mãe melhor do que eu” soar vulnerável como é o corpus da mulher aqui, como na obra de Silvia Federeici, “Calibã e a bruxa”. Fabiana sabe que o papel e essa pele de ser histórico por muitas vezes é invisibilizada; falemos e versemos. Este livro potente trata de dar voz aos detalhes – aos medos e necessidades da maternidade e da mulher pós-moderna – em versos curtos e bem costurados. No total há três seções que o convergem: Noite, Clarão e Dia. Em Clarão “mulheres conseguem parir todos os dias”, logo “do meu parto sei Eu”, mesmo que nos rotulem em panos e emblemas estranhos e “tudo rosinha”, mesmo que na seção Dia sorriam, sabemos “como é barulhento / o silêncio / da noite / não dormida”.
Mariana Basílio
Novembro de 2023
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