Ambientado no período da ditadura militar brasileira, o romance de estreia de Beny Barbosa traz uma temática atual, a do conflito, inclusive entre amigos de infância colocados em lados opostos por causa dos rumos que a vida de cada um deles tomou. Ao abrir estas páginas, o leitor encontrará um narrador arguto, que cativa e prende a atenção, com uma trama bem construída, numa linguagem simples, mas poética, a partir do foco que tem em contar a história em si, e não em fazer jogos fáceis com a linguagem. A amizade de Rogerinho e Jairzinho, desfeita com o tempo, ressurge na figura do primeiro como líder estudantil e do segundo, enquanto parte do corpo repressor do estado. Desse modo, a tensão ideológica entre os amigos dificulta a reaproximação. Porém, ainda assim, eles procuraram brechas afetivas que lhes possibilitem reatar os laços que um dia os uniram. Esta história, pois, é bem próxima dos tempos atuais, em que amizades e vínculos foram desfeitos por amigos que se puseram em lados distintos nas trincheiras da democracia e da barbárie.
Leonardo Costaneto
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