Maria Júlia era artista, escritora, dramaturga. Com os olhos que mudavam de cor de acordo com seu humor. Sua mãe não a compreendia. Achava a arte e o amor uma perda de tempo. Quando sua filha se mudou para Portugal por amor e engravidou, lá foi ela ajudar. “Ajudar” numa relação tóxica, cheia de silêncios e julgamentos. Carregava a pequena Serena, e reclamava. Da arte de Maria Júlia e sua insistência nesse amor. O único amor verdadeiro para ela era a arte. Mas ajudava. Cuidava de Serena enquanto Maria Júlia escrevia, escrevia. Um cuidado estranho, cheio de rancor, mas um cuidado. Cada um dá o que pode. O livro é dividido entre as narrativas de mãe, filha e neta, as três num encaixe perfeito e triste. Precisava ser assim? Precisava. Não se trata de um livro de virtudes. Se trata de uma literatura com o pé na realidade, que é cruel. Venha, pois, conhecer a realidade dessas três mulheres tão diferentes, mas tão conectadas quanto esse texto lindo.
Clara Averbuck
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