Caro Leonardo,
Esta é a melhor obra sua que li até agora, gostei bastante. Quero primeiro ressaltar o clima criado para Buenos Aires, e um pouco também para Montevidéu: uma cidade boêmia, cheia de bares, de drinks, de gente, sobretudo. Tenho sérias dúvidas se a Buenos Aires de hoje ainda é assim, como no seu texto. Esta é que é a boa, com suas ruas, luzes e o rio da Prata. Climaço! Muita coragem sua, Leonardo, procurar o aroma do blues pelas ruas da capital do tango. No fundo os dois gêneros convivem em justa paz na narrativa. Embriagado, o Leo da história perambula pelas ruas de “Mi Buenos Aires querido”, não ao ritmo acrobático e simétrico do tango de Gardel e Le Pera, mas na cadência cambaleante do bandoneón de Piazzolla que anda, anda, sobe, desce, vira, vira de novo, e sempre volta ao porto de partida, ao mesmo garçom, ao mesmo café, à mesma magia. Li praticamente de um fôlego, parando só para o almoço. A leitura correu solta, eu flanava com o narrador-viajante, de avião, ferry-boat ou de ônibus, nos remises, táxis e a pé. Os diálogos estão excelentes, inclusive os portenhos. O narrador, que também é protagonista, está fortíssimo. Se de um lado temos o herói da trama e seu alter ego (ou seria duplo? ou seria antagonista?), do outro temos três mulheres que marcam definitivamente o percurso da narrativa. Porém, para além dessas figuras, sinto que os personagens principais são as próprias cidades. Andar pelas calles da Nossa América é, de fato, um convite para se encontrar e se perder. Um abraço, com estima de sucesso e milongas gostosas.
Humberto Pereira,
fevereiro de 2023.
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