Um homem muito respeitado

Um homem muito respeitado acompanha a trajetória de um funcionário público chamado Pedro, cuja visão soturna e pessimista de mundo revela-se sempre acompanhada de um sarcasmo ácido. Neste relato em primeira pessoa, as reflexões do personagem versam sobre o vazio do mundo contemporâneo, cada vez mais fragmentado e veloz. Estamos diante de uma consciência esvaziada, facilmente atraída por divertimentos. Pedro é o símbolo de uma geração que descobre na dispersão o remédio contra o absurdo da vida. Enquanto o pai luta contra um câncer no hospital, o anti-herói hedonista e narcisista, fecha os olhos para a realidade e se lança em aventuras vertiginosas cheias de álcool, drogas e conquistas amorosas. Se por um lado parece levar uma vida normal no trabalho, por outro, ostenta uma face exibicionista e cínica diante de suas distrações noturnas. Como ele mesmo diz “Carrego duas sombras. Uma, o pacato batedor de carimbos, a outra, o zombador mundano”. Todos ao seu redor o consideram um “homem muito respeitado”, mas sua trajetória nos revela a verdadeira essência desse personagem medroso, machista, egomaníaco e incapaz de rebelar-se contra a falta de sentido da existência.