Se tivesse de apontar quem na contemporaneidade realiza sublimemente o ideal estético de Valéry, ou seja, da exatidão de imaginação e de linguagem, erigindo uma obra que corresponde à rigorosa geometria e à abstração de um raciocínio dedutivo, diria sem hesitar Jean Belmonte. O seu estilo oferece refrescante contraste com o rebuscamento prosaico de nossa herança literária. As frases límpidas, concisas, simples e pejadas de significações, as seguras observações, o vigor dos conceitos, a finura do raciocínio e a cadência do ritmo, tudo concorre para tornar Uma esquina perdida no tempo uma obra prima de nossa contemporaneidade literária, dispondo Jean Belmonte, ao meu ver, equitativamente na mesma prateleira que Valéry. Alguém poderia imputar-me de exagero de comparação. Longe disso, eu diria, basta observar como Belmonte maneja como ninguém os eventos de seu tempo. Jamais conseguirei me esquecer do sensível, irresoluto e interessante manuseio do autor quando, de maneira primorosa, observa as circunstâncias da vida. Uma esquina perdida no tempo, falarei dessa obra com gratas recordações.
Gláucio Zani
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