Vitral

Vitral é olhar pelo vidro e ver a cidade inteira, murada por florestas densas de pinheiros e araucárias onde os cavalos deixam seus ossos, os cacos de vidro coloridos tingindo de vermelho toda a luz que entra no quarto escuro. As pessoas, as cenas, as cores, o suor sob o vento frio, a calma morte, a dança da vida. Cartas aos que aceitem-nas, entradas de um diário sem dono que espera em silêncio dentro da gaveta por sua hora de queimar e criar cinzas do que um dia foi realidade, essas são cartas sem selos, são páginas escritas em tinta invisível trancadas por um cadeado cuja chave perdeu-se. Fora de casa num dia úmido e frio, é sentir a atração pelas plantas molhadas, obcecar-se pelo som das gotas caindo na poça, deixar o papel desfazer-se com a chuva, é apenas papel e nada significa, mas carrega seu potencial de ser tudo.