Um corpo em travessia ou a língua do silêncio. Neste livro, Kátia atravessa o tempo como quem tateia uma fronteira movediça entre o perder-se e o renascer. Seus versos brotam do corpo, esse território de emboscadas, clarões e cicatrizes e fazem da dor uma forma de respirável claridade. A cada poema, o mundo parece escurecer e, ainda assim, um rastro de luz insiste em infiltrar-se pelas fendas, acendendo o que permanece vivo. Há um gesto de voo em cada palavra: ora submerso como raiz que luta por subir, ora alado como quem ousa mirar o alto e se reconhecer no brilho de um instante. Aqui, o eu se abre em múltiplas margens, desfaz-se, recolhe-se, volta a florescer. E, nesse movimento de aparente desamparo, Kátia encontra a força secreta que sustenta o pulso momentâneo: um murmúrio que atravessa séculos de ancestralidade e se transforma em chama íntima. É dessa chama que a poesia nasce incerta, pulsante, inteira. E se no fundo do sumidouro não houver fim, mas apenas o que ainda a autora não ousou ser?
André Soltau




Sou Kátia Nascimento. Sou muito de professora. Muito de acadêmica. Muito de escritora. Muito de umbandista. Como professora, sou das letras. Como acadêmica, sou das letras. E mais letras como escritora. Como umbandista, sou de Iemanjá, que representa o mar que envolve o Universo. E é nesse envolver que me lanço em lugares distintos, sem nunca me sentir pertencente. Sou gaúcha. Mas a vida me fez nômade. Então, sou gaúcha, um pouco paranaense, um pouco catarinense. Agora sou um pouco portuguesa.
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