Desde Poemia e Dura o que significa, seus dois primeiros livros, que o fluxo da escrita de André te lança em vertigem diante do incontornável do que se é, do que se sente e o que se faz com isso. Em A verdade das coisas, talvez vida e poesia possam tornar-se sinônimos. Entropia e desordem poética anunciam uma convocação radical, a única capaz de confundir o chão e exigir terreno novo. O que há entre o átimo e o átomo? O que habita no instante daquilo que se cria? Entre tantos mimetismos, vapor, concreto e toda sorte de delírios sobre possíveis métricas do existir, a linguagem não pode ser apenas refúgio, apaziguamento ou mero exercício de negação e se amparar naquilo que resta. Precisa ser ação, afirmação de liberdade, construção de sentido. Fazer acreditar que a vida, a poesia e o amor sejam possíveis. Apesar da dureza, da vida e da poesia, seguir acreditando nas duas.
Caroline Bordalo
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