A estreia de Julio Pattio no gênero romanesco é, em alguma medida, um caminhar na contramão do que vem se popularizando hodierno, com suas narrativas pasteurizadas e personagens rasos vendidos como semideuses. Branco beato tingido de carmim é um misto de Suspense filosófico e Thriller eclesiástico, recheado de raciocínios lógicos, metáforas e reflexões que vão desde os assuntos mais cotidianos e despretensiosos, até os mais densos e profundos. Como os limites entre a insanidade e a razão, a beleza e o horror contidos no profano e no sagrado, a relação entre o Homem e a Natureza. Os mais familiarizados com Moacyr Scliar, Robert Musil e Joris-Karl Huysmans, certamente encontrarão neste debut alguma semelhança, quer seja no tom ou na dinâmica entre os espaços físicos e psicológicos. Trata-se, portanto, de uma experiência cognitiva em sua plenitude. Prato cheio para leitores ativos.
Nélio Silzantov
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