A novela juvenil Encantaria é um mergulho profundo nas Amazônias. A partir da relação entre o nosso imaginário e as nossas realidades o escritor Fabricio Ferreira, com os olhos vidrados no horizonte, e de maneira sinestésica, faz-nos experienciar aquilo que o poeta Paes Loureiro denomina de compreensão coletiva do mundo. Isso porque Encantaria reelabora a possibilidade de transfiguração poética dos encantados nas Amazônias. Nesse caso, temos como exemplo, a Vila do Grão, que não é apenas o espaço geográfico dentro da narrativa, mas o lugar que contribui para multifacetar e ressignificar o que supostamente é banal. É desse lugar, do trapiche, da beira do rio, das ruas, das casas, dos encantados e dos sentimentos que Encantaria parte para nos abraçar. Assim, à guisa de um griot, Fabricio Ferreira transfigura, por meio de uma linguagem poética, cenas do quotidiano que até hoje abarcam a própria dimensão simbólica e real das Amazônicas. Aproximando escrita e oralidade ele faz com que Encantaria seja o muiraquitã benzido pelo amor. Sem dúvida esta novela contribui para fazer o que de mais essencial devem ter como tarefa os grandes livros, que é o de humanizar as coisas.
Airton Souza
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