Em Espinheira-santa, de Igor Damasceno, acompanhamos as aventuras da turma de Reinaldo e Adelina. Os dois têm em comum a habilidade de persuasão e o conhecimento da necessidade da fé humana em algo superior. Por isso, conseguem arregimentar um bando de púberes para uma missão possível: convencer adultos a fazerem um mergulho em seus universos de crenças e daí obterem alguma resposta para o sentido de suas vidas. As plantas são mais que ornamentos para cada capítulo, antes, simbolizam práticas religiosas tão presentes no Brasil. Mais que apresentar os adolescentes em situações lúdicas, o livro é um tributo à diversidade religiosa, tão cara aos nossos tempos. O próprio título já nos dá a dimensão do que esperar: um espinho que é santo; fere e cura. As histórias ocorrem numa dessas cidades mineiras de interior, quando VHS ainda existia e a benzedeira era personagem presente. A leitura de uma obra infantojuvenil, como dizia o poeta espanhol Juan Ramón Jiménez, não deve ser feita apenas por estes, pois elas abrigam universos simbólicos que dizem respeito a todos os seres humanos, independentemente de faixa etária.
José Morais




Igor Damasceno nasceu em Belo Horizonte, mas desde muito novo fixou residência e sua estante de livros em Divinópolis. Na trajetória acadêmica fez graduação em Letras e mestrado em Teoria Literária e Crítica da Cultura pela UFSJ (Universidade Federal de São João del-Rei). É professor e servidor público, atuando nas áreas de Literatura Brasileira e Língua Portuguesa. Juntando suas paixões pelo interior mineiro e pela literatura juvenil, traz, através da Caravana, a novela Espinheira-santa, seu primeiro livro publicado.
Avaliações
Não há avaliações ainda.