Em Espinheira-santa, de Igor Damasceno, acompanhamos as aventuras da turma de Reinaldo e Adelina. Os dois têm em comum a habilidade de persuasão e o conhecimento da necessidade da fé humana em algo superior. Por isso, conseguem arregimentar um bando de púberes para uma missão possível: convencer adultos a fazerem um mergulho em seus universos de crenças e daí obterem alguma resposta para o sentido de suas vidas. As plantas são mais que ornamentos para cada capítulo, antes, simbolizam práticas religiosas tão presentes no Brasil. Mais que apresentar os adolescentes em situações lúdicas, o livro é um tributo à diversidade religiosa, tão cara aos nossos tempos. O próprio título já nos dá a dimensão do que esperar: um espinho que é santo; fere e cura. As histórias ocorrem numa dessas cidades mineiras de interior, quando VHS ainda existia e a benzedeira era personagem presente. A leitura de uma obra infantojuvenil, como dizia o poeta espanhol Juan Ramón Jiménez, não deve ser feita apenas por estes, pois elas abrigam universos simbólicos que dizem respeito a todos os seres humanos, independentemente de faixa etária.
José Morais
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